"Je ne rêve d'une vie qui ne soit faite que de premières amours et d'amours durables. Je veux l'impossible, je le sais. Je n'envie personne, et quand je vois des amoureux je songe moins à moi, à ce que j'étais, qu'à eux-mêmes et ce qu'ils deviendront."
ps- ando a aprender francês.
(excertos do filme L'amour l'après-midi de Eric Rhomer,1972 )
Dia 1-
Helena está dividida porque ele trinca os lábios com dúzias de sensualidade provocatória e é hot, hot, hot.
Helena treina lábios em casa.
Dia 5-
Helena receia bem que hot, hot, hot é mesmo hot, hot, hot.
Helena treina lábios em casa.
Dia 9-
Helena já não está dividida. Os lábios estão todos trincados da prática comum. Afinal não é assim tão hot, hot, hot.
Helena compra baton de cieiro.
Já ninguém presume que o amor seja simples, directo... e a juntar à clemência, verdadeiro. Isto porque teimamos em não aprender que o começo não pode ficar-se pelo fim. É que Kaurismaki é o puro dos mais puros em mostrar que o descalabro em conjunto une um amor que se prometeu em palavras eternas mas espaçadas de breves segundos (ou não fossem os personagens do realizador trôpegos, mas não mudos nem gagos, nunca gagos). Demorei a entender que é isso o que mais me choca em Ariel e nos consequentes filmes de Kaurismaki (que, já entendemos, ele conta sempre a mesma história nos seus filmes). É que o realizador assume tudo à primeira palavra, os seus personagens não questionam, actuam. Oh, como actuam! E a vida acontece-lhes; não uma vida qualquer de um documentário. Uma vida de Rock and Roll, de roubos, navalhas e tiros. Pouco sangue, poucas lágrimas, não há desperdícios. Como se sabe, não se desperdiça o amor. Não se desperdiça o tempo de amar, a película é cara, a vida também.
(fotogramas do filme Ariel, de Aki Kaurismaki, 1988)
Salve Rainha, e eu não chorei em TABU ou...
"A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas."
Não fosse TABU uma oração e eu não iria adormecer hoje de mãos juntas na frente do peito.
...mas juro que hoje... só não queria rezar mais...
Btw, o filme teria todo o potencial para me fazer escrever desalmadamente sobre Lisboa Vs Eu Vs Portugal Vs Mundo Vs Amor- Cinema... mas tenho que trabalhar amanhã muito cedo... como já devem ter entendido, há todo um IndieLisboa a rebentar!
Já uma vez dediquei todo o meu amor ao amor pelo rock do Kaurimäski. Mas saber que ele não me desaponta nunca, é coisa para muito mais que amor. É coisa para amor, amor. Daquele amor pelo som que enche, está cheio, mas esvazia tanto. O amor-Kaurismäki, entendem?
Excerto do filme Le Havre, a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos.Mesmo sendo este Kaurismäki mais optimista que um grande ramos de flores artificiais, daquelas mesmo grande e viscosas e "plásticas".
"Oh, a mulher é criatura pérfida! Só agora compreendi o que é a mulher. Ninguém, até hoje, conseguiu perceber por quem se apaixona a mulher; fui eu o primeiro a descobri-lo. A mulher apaixona-se pelo Diabo. Sim, falo a sério. Os físicos só escrevem disparates, que ela é isto, que ela é aquilo... mas ela só gosta do Diabo. Olhai para ela, na frisa, a apontar o lornhão. Pensareis que está a olhar para aquele gordo de estrela ao peito? Nada disso, olha para o Diabo que está atrás das costas do gordo. Eis que agora o Diabo se esconde debaixo da casaca deste. Ei-lo a acenar à senhora com um dedo! E ela casará com ele. Casará de certeza."
É possível que os ramos se tenham tornado espessos demais. Que enquanto toca no seio direito, leve à boca o sabor de um amargo caule das silvas. Mas das pedras mártires da noite, sobram selvagens e negros os coitos interrompidos por acidentes automóveis. Onde atar-lhe o corpo não lhe é suficiente para abafar o choque e o ramo entre as pernas não lhe segura o desejo. Onde o corpo se cheira a flores de uma tristeza Maria. Mas é o cheiro do alcatrão numa noite sem mais seios, é o cheiro de um doce sofrido. O cheiro do movimento perpétuo. Aliás, pela primeira vez entendemos que o corpo sofre; o corpo não, os pés, as pernas, a cara, o pescoço, o tronco e as mãos. E fazem coisas horríveis, que o corpo diz muito mais que uma mentira. Que o corpo é um tal nervo de duras e imprecisas reacções que não o controlamos nem a interruptores de luz. Se eu pudesse, teria corrido a atar-te o corpo. Impedir-te-ia de te mostrares. Seriam as folhas de Carvalho a impedir-te a boca. Uma meia boca morna de violência ganha. Não foi pelo contrato que assumimos, foi pelas flores que comemos.
Pois a malta vai ver a bola. Benfica-Porto. Tudo ferve. Mas amigo, para todo o sempre a descompostura intelectual permanecerá intacta se fores ver o tal dito jogo de futebol à tasca intelectual da cidade (o Estádio, pronto, está dito o nome), onde podes ser presenteado com o seguinte comentário do individuo barbudo da mesa ao lado; e passo a citar: "Este Garay é no futebol como o García Lorca na literatura!".
Acordou-a com um beijo nas costas, num quente que toca o algodão rosa. De todos os rosas o que lhe apetecia era pele. Dela. Sem misturas de verdades, era intencional. Acordou de barriga para baixo, sentiu-lhe o beijo rosado. Acordar já não era problemático até que as costas eram nuas: -Dormiste de soutien. Desapertou-lho. Beijou pele. Rosas, rosas, rosas.
O importante era saber a quem pertencia ele, quantos poderes das trevas o reclamavam como seu. Era esta a reflexão que nos causava calafrios. Era impossível- e também nada benéfico para uma pessoa- tentar imaginá-lo. Ele ocupara um lugar proeminente entre os demónios (...)
(...) da força e dos manicómios, como poderiam imaginar a que especial região das primeiras eras os pés livres de um homem podem conduzi-lo pelo caminho da solidão- da solidão absoluta (...) - pelo caminho do silêncio- do silêncio absoluto (...)
Quando desaparece temos que recorrer à nossa própria força inata, à nossa própria capacidade de fidelidade. Claro que podemos ser idiotas ao ponto de errarmos, demasiado estúpidos até, para sabermos que estamos a ser atacados pelas forças das trevas. Admito que nenhum idiota negociou, jamais, a venda da sua alma ao diabo: ou o idiota é demasiado idiota, ou o diabo é demasiado diabólico (...)
A surpresa é que as dicotomias nunca estiveram tão presentes: "It seems like nobody's happy now, It feels like nobody's happy now"; "Keep me up, keep me down, Keep my feet on the ground". Mas o problema é que ninguém nos ensinou a suster a respiração: "Love, love, love, love, It's just a song".
E parece-nos que é uma questão imparcial; mas é altamente parcial.
Em Janeiro de cada ano a blogosfera "reúne-se" para dar continuidade à tradição de fazer listas magníficas dos melhores filmes do ano. Como sou incapaz de juntar o Midnight in Paris e o Restless numa lista, resta-me ser visionária e superar a altruísta tarefa da classificação do Cinema em dezenas. Por todos estes importantíssimos dados e por continuar a querer honrar a blogosfera decidi reinventar o rigor das listas e eleger os melhores FOTOGRAMAS do ano. Han? Han? Han?
Aqui vão eles:
Tchapamm!
Tchapamm!
Tchapamm!
Tchapamm!
Tchapamm!!
(Fotogramas do filme Angèle et Tony, Alix Delaporte, 2011)